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sábado, 26 de março de 2011

O Sindicato: O Negócio Por Trás do Barato


“Não existe uma sociedade sem drogas,
nunca existiu e, provavelmente, nunca existirá”
Departamento de política antidrogas da França.
Antes de mais nada devo dizer que não sou muito afeito à legalização de qualquer tipo de droga, até mesmo a maconha, não por ser retrógrado, mas pelo simples fato de achar que nossa sociedade – a dos brasileiros – não tem ainda um nível estrutural e intelectual para suportar um revés de tamanha amplitude, diga-se de passagem, que nosso jovens além de imaturos, são inconsequentes, com pais cada dia mais permissivos e escolas cada vez mais frágeis. Qualquer mudança, antes, deve passar por mudanças nestes aspectos, para daí optarmos por outras investidas. Só que essa opinião não inviabiliza o debate…
De qualquer sorte, tive a oportunidade também de ver sob outro prisma o fator drogas. Tudo por conta de um filme/documentário de 2007, The Union: The Business Behind Getting High – livremente – O Sindicato: O Negócio Por Trás do Barato (assista abaixo). A história se passa no Canadá e o diretor/roteirista Brett Harvey (creio que ele deva ser um apreciador do cânhamo…) narra com maestria e fundamentação os porquês do comércio ilegal da maconha e o negócio gigante ($ 7 bilhões de dólares anualmente apenas no Canadá) que movimente essa proibição, ao menos nos países da América do Norte.

O documentário aborda de forma lacônica os princípios, políticas e meandros dum passado que ao seu dispor ora classificava a maconha como “uma droga poderosa e perigosa”, ora considerava livre e comercial, atribuindo-lhe até como um dos mais importantes “commodities”, incentivando o cultivo (nunca soube desse fato [?]).
É o que se extrai ao assistir o documentário, que mostra como o governo americano reviu seu posicionamento durante a II Guerra Mundial, decidindo que a Cannabis Sativa não era tão maléfica assim e poderia ser plantada, cultivada e comercializada (nos seus derivados). Com a eclosão da Guerra do Vietnã tudo mudou, então o tal cânhamo torna-se ilegal outra vez, mesmo com estudos médicos afirmando que não havia efeitos negativos. O mesmo que acontece com a cafeína hodiernamente, onde existem dezenas de estudos provando seus malefícios e uma outra dezena provando seus benefícios.
Outro ponto bastante elucidativo é a formação do preconceito e a pecha atribuída aos pobres e pretos de maconheiros, já que o filme mostra que uma das formas de incentivar o abandono dessa “cultura”, passou também pela ‘política racial da mídia’, que atribuía efeitos maquiavélicos e pejorativos aos negros e latinos que consumiam a maconha, imagina-se o efeito de tais notas e manchetes numa população “branca” e preconceituosa como a norte-americana…
No filme aborda-se um pouco do muito que já lemos aqui no Abordagem, os efeitos danosos, o negócio multimilionário que há por traz; e a opinião impresumível dos traficantes em uma possível legalização, o desenfreio do consumo apenas pela proibição, a comparação com o álcool tanto no que tange a nocividade, como a proibição e o efeito “Lei seca”, o gasto da segurança pública e da justiça na manutenção da proibição, o feito “Porta de entrada”, entre outros.
Mesmo com uma propensão apologista, o filme serve como ingrediente reflexivo e levanta o debate, coisa que os EUA nem cogitam fazer, aliás, nossa política é baseada na política deles; e os efeitos são os mesmos? Os interesses idem? O que o capitalismo faz deste consumo? Pois no consumo de drogas legais ele já se instalou e tornou-se o padrinho-mor, é assim também com as drogas ilegais? Vai saber…
O documentário mostra também como o cultivo caseiro acima dos trópicos se transformou em um negócio multimilionário. E entrevista historiadores, escritores, estudiosos, cientistas, policiais, representantes do governo, cultivadores e celebridades dos EUA e Canadá (muito provavelmente todos entusiastas da “erva”), analisando a causa e efeito da natureza do negócio – uma indústria que pode lucrar mais se permanecer ilegal(?). O que você acha?
Só tenho uma certeza, o debate deve prevalecer, em qualquer assunto, forma, negócio, seja o que for, drogas, aborto, armas… O que não dá pra aceitar é varrer o assunto para debaixo do tapete, por opiniões pessoais, religiosas, comerciais, preconceituosas etc. Tudo que recai na sociedade, dever ser estudado, pesquisado, debatido, debatido e debatido; despido de pré-concepções ou ao menos vestido do que pode beneficiar quantitativamente e qualitativamente nossa sociedade no todo.
*Ewerton Monteiro é Policial Militar, graduando no bacharelado de Ciências Jurídicas da FAT – Faculdade Anísio Teixeira – e graduando em Licenciatura em História na UNEB –Universidade do Estado da Bahia.

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